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Deus é mãe

  • Mariana Simeão
  • Mar 29
  • 2 min read

Carla Madeira, em Tudo é Rio, traz uma imagem poderosa e simbólica da maternidade:


"Deus é mãe, sofre de impotências, mas está sempre lá, pronto para virar as noites acordado e não deixar a gente sozinho." 

Essa breve sentença carrega uma verdade sobre a experiência de maternar: um amor incondicional e uma dedicação incansável, entrelaçados aos desafios e vulnerabilidades que acompanham essa jornada.


A maternidade real está longe de ser um conto de fadas. Para além das idealizações românticas, ela envolve cansaço, dúvidas, renúncias e, muitas vezes, solidão. A mãe que passa noites em claro, que se sente impotente diante do choro inconsolável do bebê, que se culpa por não dar conta de tudo – essa é a realidade de muitas mulheres. E, justamente por isso, é essencial falarmos sobre a importância da rede de apoio.


Maternar é carregar uma responsabilidade que, muitas vezes, não é reconhecida. A sociedade enaltece a figura da mãe guerreira, aquela que dá conta de tudo sozinha, mas pouco se fala sobre como essa exigência é exaustiva e, em muitos casos, desumana. O esgotamento materno é real, e ele não surge apenas da rotina intensa de cuidados, mas também da falta de suporte emocional e funcional.


Uma mãe precisa de descanso, de escuta, de ajuda e, acima de tudo, precisa ser cuidada. E isso não a torna menos mãe ou menos capaz. Afinal, ninguém materna sozinha – ou, pelo menos, não deveria.


A rede de apoio é essencial para que a maternidade seja vivida de forma menos solitária e sobrecarregada. 


Se continuarmos idealizando a maternidade como uma experiência solitária e totalmente sacrificante, seguiremos sobrecarregando mães. É preciso transformar a forma como enxergamos o maternar: não como uma missão individual, mas como uma experiência coletiva, sustentada por uma rede de cuidado.



MADEIRA, C. Tudo é rio. 5 ed. Rio de Janeiro: Record, 2021. 210 p.


Por Mariana Simeão Ribeiro Moura, Psicóloga e Psicoterapeuta (CRP 04/73775).



 
 
 

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