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O nascimento psíquico da maternidade

  • Mariana Simeão
  • Feb 28
  • 1 min read

A gravidez é um período de profundas transformações – físicas, emocionais, sociais, psicológicas, hormonais e familiares –, marcadas por reestruturações e reajustes em diversas dimensões da vida da mulher, e em como ela se percebe.


Essa complexidade justifica a coexistência de sentimentos opostos, caracterizando o fenômeno de ambivalência afetiva, como destaca Fátima Ferreira Bortoletti:


“A mulher, diante do atraso menstrual, já experimenta a ambivalência ao questionar-se acerca da possibilidade ou não da gestação: um misto de alegria e tristeza pelos ganhos e perdas que a gravidez implica.”

Entre segurança e incerteza, amor e estranheza, é comum que a gestante experimente um sentimento de regressão psíquica, manifestado pelo aumento da sensibilidade e pela necessidade de acolhimento. Esse processo a leva a revisitar sua história e as memórias da infância, refletindo sobre suas relações afetivas passadas e o vínculo com sua mãe, de forma a buscar um novo significado para sua identidade materna.


Essa vivência, natural e esperada ao longo do ciclo gravídico-puerperal, possibilita à mulher ressignificar sua experiência como filha, ajudando-a a se identificar – ainda que de forma contraditória – com o bebê.


Essas singularidades influenciam diretamente a forma como a maternidade é vivida e construída. Compreendê-las e buscar apoio psicológico durante a gestação favorece uma vivência mais consciente, segura e afetuosa desse período de transição.



BORTOLETTI, F. F. Psicologia na prática obstétrica: abordagem interdisciplinar. 1 ed. São Paulo: Manole Saúde, 2007. 400 p.


Por Mariana Simeão Ribeiro Moura, Psicóloga e Psicoterapeuta (CRP 04/73775).

 
 
 

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